sexta-feira, 26 de junho de 2009

Partida

Eu me sentei na beira do mar, pra ver se o vento me sussurrava o que fazer.

Eu tentei me expressar de alguma forma. Em tentei contar pros cavalos marinhos que por ali passavam como era sentir-se assim. Eu me esforcei pra calar o grito sufocante que não saía da minha garganta. Eu deitei na areia, pra ver se eu conseguia afundar, e olhei pro céu, querendo voar.

Eu observei a solidão dos pontos brilhantes na areia e das estrelas do céu. Eu percebi que a mesma força que me puxava pra cima me empurrava pra baixo, onde deveria ser o meu lugar, mas onde eu sabia que não era.

Eu tentei me jogar no mar, mas sempre que eu sentia que ele ia me levar com ele, ele me jogava de volta pro mundo. Ele gostou tanto de brincar com meu corpo solto, que nada pude fazer, se nem eu sabia pra onde ir. Eu voltei a olhar pro céu, buscando o equilíbrio distante das estrelas empoeiradas a cantarolarem a sinfonia do universo. Eu procurei alguma solidão menos óbvia no brilho dos pequenos pontos distorcidos pela distância. Eu tentei gritar baixinho, pedindo um conselho pras conchas coloridas.

Eu respirei fundo. E de novo. E de novo.

Não sei como, nem de onde, mas me veio um cheiro desconhecido, como uma mistura de terra molhada com picolé de limão, misturados numa junção suave de azul de céu com verde de mar.

Eu quis dançar, e me lançar à tão gratificante sinfonia que o universo me proporcionava. Quis mais que nunca, voar.

E sorrir, e brilhar, e pulsar. E tão grande era a força do meu sentimento, que o vento já não precisou sussurrar-me o que fazer, nem os cavalos marinhos precisaram ouvir-me lamentando, nem o grito, antes sufocado na garganta precisou ser calado, porque agora, o meu grito só podia ser de alegria, e esse, não há como reprimir.

Então soube, mais do que nunca, que não demoraria a voltar pra casa.

Eu voei com a minha mente, dancei com os meus pés, sorri com os meus olhos, e parti sem mais revés.

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